No final da noite do dia 20 de
janeiro e no começo da madrugada de 21 de janeiro um eclipse lunar total poderá
ser observado em todo o Brasil desde que as condições meteorológicas permitam.

Porém, o eclipse penumbral não é
observável para a população, já que, nessa etapa a Lua apenas diminui o seu
brilho. A expectativa de observar um eclipse penumbral pode criar frustração.
Verifiquei isso quando organizava eventos públicos de observação de eclipses
lunares. Embora o eclipse penumbral seja
uma das etapas de um eclipse lunar, muitos sítios internacionais de divulgação
de Astronomia já não costumam citar o horário em que este ocorre preferindo mencionar
apenas o eclipse lunar a partir do início do primeiro eclipse parcial até o final
do segundo eclipse lunar parcial. Se algum observador notar alguma sombra ou
escuridão na Lua durante o eclipse penumbral, pode ter certeza que serão
nuvens, comuns nesta época do ano, e não uma escuridão relacionada ao eclipse.
Esse eclipse lunar acontecerá
durante a vigência do horário de verão. Como diversos estados não aderiram ao
mesmo, há que se atentar ao horário local desse evento.
Para os residentes no Acre e algumas
cidades do oeste do Amazonas tais como Atalaia do Norte e Benjamin Constant – entre
outras que seguem o fuso horário do Acre – a parte visível do eclipse, ou, o
primeiro eclipse parcial, começará às 22h33 do dia 20 e, às 23h41 iniciará a
fase da totalidade – ou o eclipse total da Lua propriamente dito – quando a Lua
fica completamente dentro da parte mais escura da sombra que a Terra produz,
denominada umbra. O máximo da totalidade
acontecerá à 0h12 do dia 21 de janeiro, quando a Lua encontrar-se -á mais próxima
do centro da sombra da Terra. A totalidade terminará à 0h43 e, logo após,
começará o segundo eclipse parcial que terminará à 1h50. Nesse horário
terminará a parte visível do eclipse lunar.
Para quem se interessar, nessa região o primeiro
eclipse penumbral começará às 21h36 do dia 20 e terminará quando começar o
primeiro eclipse parcial, 22h33 desse dia. O segundo eclipse penumbral começará
logo após o segundo eclipse parcial e terminará às 2h48 do dia 21. Por opção,
no texto que se segue só será divulgado o horário em que o público poderá
visualizar o eclipse lunar. Os interessados no eclipse penumbral deverão
acrescentar uma hora a mais para o horário acima descrito em cada um dos
parágrafos abaixo. A margem de erro de
todos os horários citados é de, mais ou menos, um minuto.
Os habitantes do Amazonas, exceto
os municípios desse estado que seguem o horário do Acre, os de Rondônia e os de
Roraima observarão o primeiro eclipse parcial a partir das 23h33 do dia 20
até à 0h41 do dia 21, quando começará a
totalidade, que terá o seu máximo à 1h12 do dia 21. A totalidade findará à
1h43. Logo após, começará o segundo eclipse parcial que terminará às 2h50.
Para os moradores de Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Amapá, Pará, Tocantins e todo o nordeste (Alagoas, Bahia,
Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), o
primeiro eclipse parcial começará à 0h33 do dia 21 até à 1h41, quando começará
a totalidade, ou, o eclipse total da Lua, cujo máximo ocorrerá às 2h12. A fase da totalidade terminará às
2h43, seguida pelo segundo eclipse parcial que terminará às 3h50m.
Os que têm domicílio no Distrito
Federal, em Goiás, e, nas regiões sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de
Janeiro e São Paulo), e sul do Brasil (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa
Catarina), observarão o primeiro eclipse parcial à 1h33
do dia 21 até às 2h41, quando iniciará a totalidade, que alcançará o máximo às 3h12.
A totalidade, ou o eclipse total da Lua terminará às 3h43, seguida pelo segundo
eclipse parcial que findará às 4h50m.
É interessante ressaltar que
durante esse eclipse a Lua estará se aproximando do perigeu, que é o local da
órbita da Lua em que ela fica mais próxima à Terra. O nosso satélite alcançará o perigeu
aproximadamente às 18h (19:59 UTC) no horário de Brasília, então, em 21 de
Janeiro haverá uma Super Lua, que é observada maior pelo fato da Lua estar mais
próxima ao nosso planeta. Por uma questão de ilusão de ótica a Lua parece maior
quando está próxima ao horizonte e, por isso a Super Lua será melhor observada
quando estiver se levantando no final da tarde do dia 21. Porém, a Lua já
estará esplendorosa na madrugada do dia 21, mais uma vez, se as condições
climáticas permitirem.
Ultimamente tem-se denominado um
eclipse lunar total como “Lua de Sangue”. Alguns justificam o nome utilizado porque a
Lua fica vermelha, da cor de sangue. A
verdade é que, no máximo, a Lua fica avermelhada, e, dependendo da composição
da atmosfera no dia do eclipse lunar total, a Lua pode ficar alaranjada, ou amarronzada,
por exemplo.
Aparentemente o nome “Lua de
Sangue” tem sido usado para despertar mais interesse popular sobre a matéria.
Porém, há o outro lado da questão.
Pessoas simples e muito religiosas ficaram temerosas de observar a
última “Lua de Sangue” – tratada como tal por diversos veículos de comunicação
– em 27 de julho de 2018 que, para a maioria dos brasileiros, foi apenas um
eclipse lunar parcial. Uma pessoa muito
simples disse-me que não iria observar uma coisa do “demônio”, e que, essa “lua
de sangue” existiria por causa do
comportamento da humanidade. A sua
igreja havia proibido os fiéis de observarem o evento!
A expressão “Lua de Sangue” foi
usada inicialmente por dois pastores John Hagee e Mark Biltz que
fizeram previsões apocalípticas para o último eclipse de uma sequência de quatro eclipses lunares
totais que ocorreram num intervalo de seis meses entre cada um deles –
denominado tetrada lunar – nos anos de 2014 e 2015.
Naturalmente, as suas previsões falharam. E, a próxima tetrada lunar só
acontecerá nos anos de 2032 e 2033. Portanto, o eclipse lunar total de janeiro
de 2019 não será uma “Lua de Sangue”, assim como não o foi o “eclipse do
século” de 2018.
Um eclipse
lunar total é um evento bonito, corriqueiro em Astronomia, não causa mal algum
à visão, pode ser observado a olho nu, e não traz nenhum malefício à população.

Telma Cenira Couto da Silva
Doutora em Astronomia (IAG – USP)
e professora
aposentada da UFMT
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